quarta-feira, 23 de março de 2011

O meu Professor de Piano.

O meu professor de piano chama-se João Paulo.
Já não é meu professor à 8 anos.
Foi o melhor professor que tive.
Ele sabia tudo, e no fim da aula tocava para mim.
Desde Mozart, passando por Tchaikovsky, parando por Chopin.
Deixou de leccionar na minha escola.
Deixei o piano.
Casou-se.
Teve dois filhos, um menino e uma menina.
Quando a menina nasceu telefonou-me.
Disse-me que tinha uma Joaninha.
No fundo sempre achei que escolheu o nome, não por ser bonito, e agora fala o meu lado narcisista e egocentrista, mas acho que foi pelas aulas ao fim do dia, antes do jantar, em que a discente preguiçosa não tinha estudado a lição, e enquanto tocava a lição, ia desabafando as asneiras da escola.
E a aula tinha de durar uma hora e meia. Ou duas.
Era-mos dos últimos a sair.
Para dar tempo para eu falar dos meus problemas juvenis, para ele falar das brincadeiras da universidade, para eu falar dos meus gatos, para ele falar dos animais de estimação dele, para ainda sobrar tempo de tocar uma música para mim.
Segundo ele eu era uma peste teimosa e preguiçosa, e que a minha sorte era ter um bom ouvido.
Lá no fundo ele queria era dizer que eu era a melhor aluna dele, empoleirada no banco como uma galinha, uma aversão enorme à pauta, que raramente estudava a lição mas arranjava desculpas relativamente plausíveis.
Ainda ouço o bater do lápis no piano a marcar passo.

Gostava de conhecer a Joaninha.

Sem comentários:

Enviar um comentário