segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Era uma vez.

Era uma vez à 10, 15 anos atrás, uma menina de franja sorriso meio desdentado, que vestia um fato de treino rosa choque, com umas all stars da mesma cor, guiava uma bicicleta amarelo fluorescente, e atirava gatos ao ar para confirmar a teoria que eles caem sempre de pé.
Confirmou a teoria. Deixou de ter motivo e tempo para atirar gatos ao ar.
Cresceu trocou de bicicleta, por uma amarela mas menos fluorescente. Roubaram-lhe a bicicleta. Passou a andar a pé e de transportes públicos.
Passou a não gostar muito de all stars pois são de pano e fica com os pés molhados no inverno.
Deixou de usar fato de treino rosa choque. Usa cinzento, e praticamente só dentro de casa. É prático e discreto para ir a rua pôr o lixo, e usar em caso de emergência.
Os dentes voltaram a crescer. Ainda estão alguns a nascer.
O sorriso, se calhar está gasto. Se calhar está triste.
Cortou o cabelo novamente, com franja parecida com a de à 10/15 anos. Uma tentativa frustrada de parecer ter 6 anos outra vez... A franja não é prática, fica na frente dos olhos, não da para pentear direito. Não vai manter. Não se pode dar ao luxo de estar sempre a mexer no cabelo.

A menina deu-se conta, que em pequenas coisas, coisas que praticamente ninguém valoriza, foi mudando ao longo do tempo. Adaptou-se ao prático. Preocupa-se com certas aparências, importantes para o futuro.
Deixou para trás um pouco do ser especial, do ser única e diferente.

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